Com a crescente procura de atendimento psicológico para o tratamento de dependências químicas, julgo necessário iniciar algumas postagens sobre o tema em questão. Muitos psicólogos se recusam a atender essa população pela baixa adesão ao tratamento e pela frustração pessoal em executar um trabalho de qualidade e inúmeras vezes se deparar com um recaída. Este comportamento não é somente observado nos psicólogos, mas na grande maioria dos profissionais da saúde, na política, na população geral. Não irreal, há uma associação clássica da droga com a violência, com a prostituição, com a dificuldade de recuperação, entre outros; o que estigmatiza a droga e o usuário.
Penso particularmente que a principal função dos Psicólogos seria combater estes tabus acreditando no indivíduo sem o uso das drogas, sem observar ele como a personificação da doença, mas como alguém que precisa de acolhimento social procurando auxiliá-lo a recriar sua vida, muitas vezes destruídas pela droga e pelo tabu. Com a produção do conhecimento, é possível demonstrar aos profissionais da saúde, assistentes sociais e afins, que a recuperação é sim possível através do trabalho árduo e esperança na recuperação dia-a-dia.
Com o movimento anti manicomial da década de 70, o governo procura auxiliar os dependentes através dos CAPs AD. A intenção é criar 1 CAPs AD para cada 70.000 habitantes. Em Curitiba, a quantidade de CAPs auxiliaria uma população de aproximadamente 400.000 habitantes porém, contamos com mais de 1.800.000 habitantes. Desta forma as comunidades terapêuticas foram criadas para suprir esta demanda, o que é alvo de muita crítica. Boa parte destas comunidades estão vinculadas a grupos religiosos e é comum observar internamentos de até 9 meses sem a possibilidade de sair do local. Bíblias já foram escritas para o tratamento da dependência química e pouca ciência esta associada a isto.
Como combater? Sem críticas é um começo! Sem estas comunidades milhares de dependentes beirando a morte ficariam sem apoio social. Por outro lado a produção científica fomenta novas instituições, novos tratamentos, novos profissionais interessados em lutar contra as drogas, novas técnicas para evitar recaídas, melhorar a adesão, tornar o tratamento efetivo e permanete. Mas o estigma prevalece atando com o medo a possibilidade de levar saúde a quem precisa. Novamente falamos em educação...
Se Skinner estava certo ao dizer que "o condicionamento se mantém a despeito da consciência", lutamos aqui contra uma consciência estruturada erroneamente pela cultura e seus tabus. Ou seja, muito trabalho para mudar essa realidade!
Links interessantes:
Sobre CAPs e a reforma antimanicomial
Secretaria Anti-Drogas
Notícia Folha de São Paulo sobre criação de nova comunidade terapêutica
Narcóticos Anônimos
Alcoólicos Anônimos
Site Droga Zero
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